segunda-feira, 26 de março de 2012

TUDO AQUILO QUE NÃO PRECISO!



Já fui muito consumista na minha vida. Sempre achava que estava "precisando" de comprar algo. Na verdade, podemos viver com um terço daquilo que possuímos. 
Como costumam dizer os homens: Pra que tantos pares de sapatos se temos apenas dois pés? kkkk No fundo eles estão certos... E aí eu pergunto: Pra que tanta roupa no armário se as que usamos são tão poucas, o resto fica lá só pra encher lugar?!
E as festinhas de comemorações? Páscoa, tem que dar presente, aniversário, presente! Dia dos namorados...presentes, flores, jantares, motéis, etc. Dia das mães, presente, dos pais, idem...
Natal, nem se fala...Melhor parar por aqui!
Vocês já pararam pra pensar em quanto gastamos durante o ano só com presentes? __ É só uma lembrancinha!!!__ E o pior é que muitas vezes a pessoas nem usam!
Somos condicionados a comprar, comprar, comprar...No final fica somente um vazio e uma conta bancária mais descoberta do que bum bum de vedete, nada mais! Aí vem a depressão, os remédios, a insônia e em alguns casos a bebida, as drogas e o fundo do poço!
O TER, tornou-se o objetivo maior do ser humano e o SER não passa de uma palavrinha monossílaba relegada a segundo plano, jogada no dicionário!
O texto abaixo é uma reflexão mais profunda de tudo isto que escrevi aqui. Foi escrito por Frei Beto e é muito interessante. Eu recomendo a leitura:

"Ao viajar pelo Oriente, mantive contatos com monges do Tibete, da Mongólia, do  Japão e da China. Eram homens serenos, comedidos, recolhidos e em paz nos seus mantos cor de açafrão.  Outro dia, eu observava o movimento do aeroporto de São Paulo: a sala de espera cheia de executivos com telefones celulares, preocupados, ansiosos, geralmente comendo mais do que deviam. Com certeza, já haviam tomado café da manhã em casa, mas como a companhia aérea oferecia um outro café, todos comiam vorazmente. Aquilo me fez refletir: 'Qual dos dois modelos produz felicidade?' 

Encontrei Daniela, 10 anos, no elevador, às nove da manhã, e perguntei: 'Não foi à aula?' Ela respondeu: 'Não, tenho aula à tarde'. Comemorei: 'Que bom, então de manhã você pode brincar, dormir até mais tarde'. 
'Não', retrucou ela, 'tenho tanta coisa de manhã...' 'Que tanta coisa?', perguntei. 'Aulas de inglês, de balé, de pintura, piscina', e começou a elencar seu programa de garota robotizada. Fiquei pensando: 'Que pena, a Daniela não disse: 'Tenho aula de meditação! Estamos construindo super-homens e super  mulheres, totalmente equipados, mas emocionalmente  infantilizados.

Uma progressista cidade do interior de São Paulo tinha, em 1960, seis livrarias e uma academia de ginástica; hoje, tem sessenta academias de ginástica e três livrarias! Não tenho nada contra malhar o corpo, mas me preocupo com a desproporção em relação à malhação do espírito. Acho ótimo, vamos todos morrer esbeltos: 'Como estava o defunto?'. 'Olha, uma maravilha, não tinha uma celulite!' Mas como fica a questão da subjetividade? Da espiritualidade? Da ociosidade amorosa? 

Hoje, a palavra é virtualidade. Tudo é virtual. Trancado em seu quarto, em Brasília, um homem pode ter uma amiga íntima em Tóquio, sem nenhuma preocupação de conhecer o seu vizinho de prédio ou de quadra!
Tudo é virtual. Somos místicos virtuais, religiosos virtuais, cidadãos virtuais. E somos também eticamente virtuais... 

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