É a primeira vez que o Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo, tem uma exposição dedicada a um autor português. Depois de ter homenageado os brasileiros Guimarães Rosa, Clarice Lispector e Machado de Assis, o museu alberga, desde terça-feira e até ao dia 30 de Janeiro de 2011, a exposição Fernando Pessoa: plural como o universo, um passeio pela vida e obra do escritor através de textos, imagens e vídeos.
O visitante vê-se reflectido em espelhos e com gestos faz com que poemas mudem nos ecrãs dentro de cabines onde se ouvem poemas. Querem que o visitante se envolva, tome parte, seja cúmplice, nem que seja só simbolicamente. É uma exposição interactiva: pretende-se que o visitante se envolva, tome parte, seja cúmplice, nem que seja só simbolicamente. “A viagem marítima é um leitmotiv da exposição”, explica por e-mail, a partir de São Paulo, Richard Zenith, especialista na obra do poeta e um dos curadores da mostra, juntamente com o académico brasileiro Carlos Felipe Moisés.
“Há o mar do livro Mensagem, o mar tão presente na geografia e na história portuguesa, o mar que tanto marcou a infância e a juventude de Pessoa (fez quatro travessias entre Lisboa e África do Sul) e o mar que é preciso navegar”, explica ao P2, lembrando que Pessoa rabiscou num pedaço de papel, reproduzido e exposto na exposição, uma frase isolada: “O mar é a religião da natureza.”
O azul é a cor predominante da exposição. Logo no início estão montadas cinco cabines dedicadas a Pessoa e heterónimos (Alberto Caeiro, Ricardo Reis, Álvaro de Campos e Bernardo Soares) onde são projectados excertos de poemas. A sexta cabine, intitulada Eu sou muitos, é dedicada a outras personalidades literárias criadas pelo poeta. Nas cabines, se o visitante levantar os braços, o movimento é captado por um sensor, e os poemas mudam.
A cenografia da exposição é de Hélio Eichbauer – que fez uma brincadeira com o quadro de Almada Negreiros que retrata Fernando Pessoa a escrever ao lado da revista Orpheu. Recriou os objectos – a cadeira e a mesa – e pendurou-os no tecto. “Nosso propósito básico é levar Fernando Pessoa à vida do cidadão que não o conhece e que, portanto, encontrará uma linguagem acessível, e àqueles que já estão familiarizados com seus versos, que terão a chance de descobrir aspectos e conceitos novos”, considera Carlos Felipe Moisés
Quiseram igualmente que a exposição mexesse com o visitante, “que pusesse a sua “unidade” em causa, que o fizesse reflectir sobre o desafio pessoano de dar expressão à multiplicidade de desejos, pensamentos e formas de ser que habitam em cada um”, diz Zenith.
À medida que se percorre o espaço, encontra-se uma espécie de fotobiografia projectada na parede de um corredor (com reproduções de documentos inéditos); surgem dois vídeos em loop, com mostradores que expõem livros e revistas originais, e há ainda uma mesa de leitura, que incentiva o convívio e a discussão entre os visitantes.
“Há também um quarto de espelhos em que o visitante se vê reflectido e fragmentado em dezenas de pedaços enquanto ouve versos e frases de Pessoa que questionam a noção de um eu uno e coeso. Esta frase, por exemplo, do Livro do Desassossego: “Conhece alguém as fronteiras à sua alma, para que possa dizer – eu sou eu?”"
Um fac-símile do original de Mensagem que Pessoa entregou à tipografia (e que está actualmente à guarda da Biblioteca Nacional) está projectado sobre uma mesa com as imagens das páginas muito aumentadas. Quando se passa a mão por cima do canto inferior das páginas, folheia-se o livro virtual. Há um pêndulo ao pé da imagem do quadro de Nuno Gonçalves e poemas são projectados em dois tanques de areia. Dois vídeos são projectados como se fossem janelas. Um deles, de Carlos Nader com argumento do poeta Antônio Cícero, mostra pessoas a recitar Pessoa no meio da multidão. O segundo mostra uma imagem do mar, sempre em movimento, tirada do filme Limite, de Mário Peixoto.
(publicado no caderno P2, do jornal PÚBLICO no dia 27 de Agosto de 2010)
O visitante vê-se reflectido em espelhos e com gestos faz com que poemas mudem nos ecrãs dentro de cabines onde se ouvem poemas. Querem que o visitante se envolva, tome parte, seja cúmplice, nem que seja só simbolicamente. É uma exposição interactiva: pretende-se que o visitante se envolva, tome parte, seja cúmplice, nem que seja só simbolicamente. “A viagem marítima é um leitmotiv da exposição”, explica por e-mail, a partir de São Paulo, Richard Zenith, especialista na obra do poeta e um dos curadores da mostra, juntamente com o académico brasileiro Carlos Felipe Moisés.
“Há o mar do livro Mensagem, o mar tão presente na geografia e na história portuguesa, o mar que tanto marcou a infância e a juventude de Pessoa (fez quatro travessias entre Lisboa e África do Sul) e o mar que é preciso navegar”, explica ao P2, lembrando que Pessoa rabiscou num pedaço de papel, reproduzido e exposto na exposição, uma frase isolada: “O mar é a religião da natureza.”
O azul é a cor predominante da exposição. Logo no início estão montadas cinco cabines dedicadas a Pessoa e heterónimos (Alberto Caeiro, Ricardo Reis, Álvaro de Campos e Bernardo Soares) onde são projectados excertos de poemas. A sexta cabine, intitulada Eu sou muitos, é dedicada a outras personalidades literárias criadas pelo poeta. Nas cabines, se o visitante levantar os braços, o movimento é captado por um sensor, e os poemas mudam.
A cenografia da exposição é de Hélio Eichbauer – que fez uma brincadeira com o quadro de Almada Negreiros que retrata Fernando Pessoa a escrever ao lado da revista Orpheu. Recriou os objectos – a cadeira e a mesa – e pendurou-os no tecto. “Nosso propósito básico é levar Fernando Pessoa à vida do cidadão que não o conhece e que, portanto, encontrará uma linguagem acessível, e àqueles que já estão familiarizados com seus versos, que terão a chance de descobrir aspectos e conceitos novos”, considera Carlos Felipe Moisés
Quiseram igualmente que a exposição mexesse com o visitante, “que pusesse a sua “unidade” em causa, que o fizesse reflectir sobre o desafio pessoano de dar expressão à multiplicidade de desejos, pensamentos e formas de ser que habitam em cada um”, diz Zenith.
À medida que se percorre o espaço, encontra-se uma espécie de fotobiografia projectada na parede de um corredor (com reproduções de documentos inéditos); surgem dois vídeos em loop, com mostradores que expõem livros e revistas originais, e há ainda uma mesa de leitura, que incentiva o convívio e a discussão entre os visitantes.
“Há também um quarto de espelhos em que o visitante se vê reflectido e fragmentado em dezenas de pedaços enquanto ouve versos e frases de Pessoa que questionam a noção de um eu uno e coeso. Esta frase, por exemplo, do Livro do Desassossego: “Conhece alguém as fronteiras à sua alma, para que possa dizer – eu sou eu?”"
Um fac-símile do original de Mensagem que Pessoa entregou à tipografia (e que está actualmente à guarda da Biblioteca Nacional) está projectado sobre uma mesa com as imagens das páginas muito aumentadas. Quando se passa a mão por cima do canto inferior das páginas, folheia-se o livro virtual. Há um pêndulo ao pé da imagem do quadro de Nuno Gonçalves e poemas são projectados em dois tanques de areia. Dois vídeos são projectados como se fossem janelas. Um deles, de Carlos Nader com argumento do poeta Antônio Cícero, mostra pessoas a recitar Pessoa no meio da multidão. O segundo mostra uma imagem do mar, sempre em movimento, tirada do filme Limite, de Mário Peixoto.
(publicado no caderno P2, do jornal PÚBLICO no dia 27 de Agosto de 2010)
Um abraço a todos!
2 comentários:
Oi!! Adoro Fernando Pessoa, fiquei arrepiada só de pensar!!!Deve ser incrível, pena que eu não possa visitar!!!!
Adoro você!!Obrigada por ser minha amiga!!
Oi querida amiga. Lindo! Bjs
Πολύ ωραία όσα γράφεις καλή μου φίλη. Φιλιά
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