A vida requer um exercício constante de muita tolerância. Para vivermos em harmonia devemos ser tolerantes. Quem é seguro de si e conhece seus valores, sabe ser uma pessoa tolerante. Porém, a tolerância requer autoconhecimento e muita sabedoria, pois, há um tênue limite entre a tolerância e a permissividade.
É preciso estar sempre atento para que a tolerância não implique em omissão demasiada e em displicência, pois, isto é sinal de irresponsabilidade. Os excessos devem ser evitados em quaisquer circunstâncias, portanto, para ser tolerante, é preciso “compreender”, e, sobretudo, estabelecer limites. Para que isto seja possível, devemos acionar toda nossa sabedoria e intuição. Eu posso, por exemplo, ser intolerante com a mentira, sem precisar ser cruel com o mentiroso. Mas também não devo permitir que o mentiroso me prejudique! O máximo que posso fazer é dar o meu exemplo de honestidade para que o outro possa se espelhar em mim.
É muito comum nos relacionamentos sociais, a pessoa intolerante não “enxergar” os seus próprios defeitos e assim, projetá-los no outro. Desta forma, o intolerante passa a desenvolver um sentimento de frustração, raiva, contrariedade e até mesmo de ódio para com o próximo. E pelo fato do intolerante não “suportar” suas próprias falhas, passa a enxergá-las nas pessoas com as quais convive, isso as incomoda tanto.
Um bom método para uma auto-reflexão é, observarmos quais atitudes alheias mais nos incomodam? Devemos parar para pensar no por que do desconforto, com determinadas atitudes. Esta é a base para compreendermos a nossa intolerância em relação aos outros.
Mas ser tolerante e delimitar limites requer trabalho e tempo. Isto implica em muitas renúncias. Aceitar os limites e as frustrações da vida é saber aceitar-se. É poder compreender que nada nem ninguém são perfeitos, inclusive você mesmo. A partir do momento que você se conhece e se aceita como é, você está apto para compreender o outro e aceitá-lo também como é.
De acordo com Freud, nossa mente é regida pelos seguintes princípios: O do prazer/desprazer, e pelo princípio da realidade. O primeiro consiste em buscar o prazer, custe o que custar. Desta forma, tudo o que traz desconforto, tem que ser eliminado (intolerância). O segundo princípio implica na possibilidade de antecipar a ação através do “pensamento”, expressando-se pela palavra. O princípio da realidade, portanto, implica numa maior tolerância com relação ao seu próprio desconforto. Assim sendo, se alguém te magoa por exemplo, pelo simples fato de não te dar um sorriso, porque acordou de mau humor, você está sendo guiado pelo princípio do prazer e se sentirá incomodado e, não falará com aquela pessoa por algum tempo. Mas se agir pelo princípio da realidade, esperará até que haja um momento propício para perguntar o que houve com ela e o porquê ela não estava sorridente.
Percebam que o segundo principio requer o exercício de “pensar” e isto é uma atividade complexa, pois, exige de você um confronto com as dificuldades e os obstáculos da vida. E como muita gente não gosta de “pensar”, opta pelo princípio do prazer, tornando-se intolerante e inconstante e, conseqüentemente sozinhas.
O intolerante é uma pessoa infeliz, frustrada, insegura e invejosa porque não suporta o confronto com as diferenças. Isto torna o intolerante cada vez mais exigente e rígido com os demais e consigo mesmo.
Portanto, está em nossas mãos sermos tolerantes e compreensivos, construindo muitas “pontes” ao invés de “muros”, e com isto sermos felizes... Ou não. A escolha é nossa!
Este texto foi baseado na leitura do livro: "Não faça tempestade em copo d'água". Adaptado por Magali Guilherme Fernandes
Uma ótima semana a todos!