Quando nasci um anjo esbelto,
desses que tocam trombeta,anunciou:
vai carregar bandeira,
Cargo muito pesado para mulher,
esta espécie ainda envergonhada.
Aceito os subterfúgios que me cabem,
sem precisar mentir.
Não sou tão feia que não possa casar,
acho o Rio de Janeiro uma beleza e
ora sim, ora não, creio em parto sem dor.
Mas, o que sinto escrevo. Cumpro a sina.
Inauguro linhagens, fundo reinos.
(dor não é amargura).
Minha tristeza não tem pedigree,
Já minha vontade de alegria,
sua raiz vai ao meu vil avô.
Vai ser coxo na vida, é maldição pra
homem.
Mulher é desdobrável. Eu sou.
Adélia Prado
Do livro: Bagagem, 1976
Um grande abraço.
Um comentário:
Olá,td bem?
Que lindo poema, adorei!
Bjs!
Postar um comentário